quarta-feira, 23 de maio de 2012

Aumenta a procura por cuidadores de idosos


Aumenta a procura por cuidadores de idosos Aumenta a procura por cuidadores de idosos
Aumenta a procura por cuidadores de idosos
Com o envelhecimento da população brasileira e o consequente aumento de doenças crônicas, cuidadores de idosos serão profissionais cada vez mais requisitados.
O estudo Sabe (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), realizado pela USP em 2006, mostra que existem aproximadamente 180 mil idosos no Estado de São Paulo que necessitam de auxílio para realizar suas atividades diárias. Este número corresponde a 23% do total de pessoas acima de 60 anos.
O cuidador é a pessoa que acompanha de perto a vida de um idoso que possui algum grau de dependência para suas atividades cotidianas, como alimentação, deslocamentos, medicações de rotina e cuidados com a higiene. Ele não precisa ser um profissional da área da saúde e, nesse caso, não deve realizar atividades como troca de curativos ou aplicação de medicamentos intravenosos. Ele explica que, como a situação de Frasão é mais grave e exige a realização de hemodiálises três vezes por semana, a formação em enfermagem foi importante em seu no cuidado com o idoso.
O técnico de enfermagem Cristiano de Oliveira, 25, cuida do ex-auditor fiscal José Frasão, 89, há pouco mais de uma ano, desde quando este sofreu um AVC (acidente vascular cerebral).
O cuidador diz que o trabalho com o idoso em casa é mais gratificante do que a atuação em hospitais: “quando estamos no hospital, só vemos a evolução do paciente até ele ter alta”.
Com Frasão foi diferente. Quando ele sofreu o acidente tinha de ser acompanhado por quatro enfermeiros que se revezavam, entre eles Cristiano, que acabou continuando a trabalhar na casa. Ele não conseguia falar nem andar e o lado direito de seu corpo estava totalmente paralisado. “Quando ele deu seu primeiro passo e voltou a falar foi uma conquista enorme. Era como uma criança que está aprendendo pela primeira vez.”
Segundo o presidente da Associação de Cuidadores de Minas Gerais, Jorge Roberto de Souza Silva, muitos dos procedimentos realizados pelo cuidador podem ser executados por um familiar. Porém lembra que nem sempre existe a figura do cuidador familiar, pois as famílias estão ficando menores e as mulheres, que acumulavam essa função, estão no mercado de trabalho.
Silva começou a cuidar de idosos por acaso. “Quando tinha 18 anos, era carregador de mudança. Minha namorada me indicou para trabalhar com uma família que precisava de ajuda para levar uma idosa do sofá para a cama todas as noites.”
No dia em que a enfermeira faltou, ele assumiu o cuidado total da senhora de 81 anos. Morou três meses na casa da família. “Eu e ela ficamos um pouco assustados. A maior dificuldade foi o banho. Era uma idosa muito católica, cheia de valores.” Mesmo assim, ele diz que desenvolveram uma ligação muito forte, e ele era capaz de compreender o que a mulher dizia melhor do que os próprios familiares.
Referência da classe no Brasil, a associação mineira tem 4.200 membros. Oferece cursos para cuidadores e familiares de idosos e auxilia o processo de contratação de profissionais. Em São Paulo, o Olhe (Observatório da Longevidade Humana e do Envelhecimento) deu início a uma campanha para criar uma associação no Estado aos moldes da de Minas Gerais.
PROFISSIONALIZAÇÃO
A regulamentação da profissão é um dos objetivos da categoria. A profissão de cuidador é definida na CBO (classificação brasileira de ocupações) como trabalhador doméstico. Porém ainda não existe uma padronização sobre quais os direitos e deveres dos profissionais, nem sobre os pré-requisitos para exercer a função.
Atualmente tramitam na Câmara e no Senado dois projetos de lei que pretendem solucionar essa questão. Mas eles divergem quanto ao piso salarial da profissão, a formação mínima do cuidador e a necessidade da orientação de um profissional da medicina para que um cuidador que não tem um curso de enfermagem possa atuar.
A professora da USP Yeda Duarte, que dá aulas para cuidadores na Escola de Enfermagem desde a década de 1990, diz acreditar que a falta de uma formação adequada do profissional pode gerar muito estresse, tanto para o idoso como para seu cuidador. “Ele pode enfrentar situações críticas, como uma piora da saúde da pessoa que recebe cuidados, ou se machucar ao tentar ajudar o idoso de forma errada.”
Extraído de: http://www1.folha.uol.com.br/treinamento/mais50/ult10384u1017427.shtml

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